O prefeito de Curitiba, Gustavo
Fruet (PDT), e seus adversários no segundo turno da eleição municipal em 2012,
o atual secretário estadual de Desenvolvimento Urbano, Ratinho Jr. (PSD), e o
deputado federal e ex-prefeito Luciano Ducci (PSB), são os paranaenses que
aparecem na lista de recebedores de dinheiro da Odebrecht, a maior já associada
a uma empreiteira do país até o momento, com mais de 200 nomes. Sete arquivos
com planilhas e tabelas com nomes de políticos e partidos foram localizados
pela Operação Lava Jato na casa do presidente da Odebrecht Infraestrutura,
Benedicto Barbosa Silva Junior, no Rio de Janeiro.
As buscas
foram realizadas na 23ª fase da Lava Jato, a Acarajé, que teve como foco o
casal de marqueteiros João Santana e Monica Moura, que trabalharam nas
campanhas de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014) e ainda o executivo da
Odebrecht, apontado pelos investigadores como o canal de Marcelo Odebrecht para
tratar de doações eleitorais e repasses ilícitos a políticos. Nos documentos,
não existe nenhum indicativo de que os pagamentos sejam irregulares ou fruto de
caixa 2. A Polícia Federal não teve tempo para analisar o amplo material.
Nos arquivos obtidos pela Polícia Federal consta que no primeiro
turno das eleições de 2014, Fruet teria recebido R$ 250 mil e Ratinho, R$ 300
mil. Além de nomes de políticos e partidos agrupados por estados e regiões, a devassa
da Polícia Federal na residência de um dos executivos-chave do esquema de
propinas na empreiteira encontrou anotações manuscritas sobre repasses, acertos
com empresas referentes a obras e documentos sobre “campeonatos esportivos”,
que lembram outros papéis já descobertos na Lava Jato e revelaram a atuação de
cartel das empreiteiras em obras na Petrobras.
Bomba
O anúncio de que os executivos da Odebrecht farão um acordo de
delação premiada, logo após a 26.ª fase da Operação Lava Jato revelar a existência
de um setor de pagamento de propinas dentro da estrutura formal do grupo,
ameaça balançar os alicerces do sistema político baseado no superfaturamento de
contratos públicos e no financiamento ilegal de campanhas.
O potencial das revelações da Odebrecht é bombástico: nas eleições
de 2014, o grupo doou legalmente R$ 46 milhões para campanhas eleitorais de 15
partidos – tanto do governo quanto da oposição. Para o comitê nacional do PT
foi destinado R$ 2,3 milhões; para o PSDB, R$ 6,6 milhões.
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