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Índio da Praça Cyro Abalém na Ilha dos Valadares


Moradores questionam a escolha da escultura e pedem que espaço público homenageie os pescadores, primeiros habitantes da região.


Na manhã do dia 12 de janeiro de 2013, por volta das 8h10, a cena inusitada chamou a atenção de quem passava pela Praça Cyro Abalém, na Ilha dos Valadares: a estátua do índio Carijó, esculpida pelo artista Deocir Gomes dos Santos, estava quase caída no chão. O episódio foi interpretado como ato de vandalismo, embora as circunstâncias exatas nunca tenham sido esclarecidas.

A escultura, embora reconhecida como uma obra de arte relevante, sempre foi alvo de polêmica entre os moradores da ilha. Muitos residentes defendem que o monumento ideal para aquele espaço seria a figura de um pescador — com sua canoa, remo e tarrafa — em homenagem aos primeiros habitantes e à identidade cultural da comunidade.

Um morador, que prefere não se identificar, conta que já havia sugerido a ideia a vereadores locais, além de propor a revitalização da praça com bancos de madeira, arborização e iluminação em LED. As propostas, no entanto, não foram levadas adiante. “Com o tempo, entendi que esse tipo de iniciativa precisa partir deles. Afinal, fica feio copiar ideia de insulano e não dar os créditos”, desabafa.

Para o mesmo morador, o índio Carijó poderia ser melhor aproveitado em outro ponto turístico, como a Ilha da Cotinga, que carece de investimentos e valorização. Ele também destaca que a colocação de monumentos deve ser feita com consulta pública. “Se foi destruído, é porque alguém estava descontente. Se foi vandalismo, não me cabe julgar. O fato é que até hoje nada foi colocado no lugar — e, sinceramente, acho que nem será.”

A reflexão final deixa uma provocação: “Será que algum candidato prometerá colocar uma nova estátua ali? Eu já não duvido de mais nada dos nossos políticos e não se espante ao ver um 'Gorila" no local”




Foto e texto: Edye Venancio

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