A
Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) iniciou em maio um
programa de monitoramento das aves aquáticas que ocorrem nos ambientes
costeiros e marinhos das baías de Paranaguá e Antonina.
O objetivo do monitoramento, feito durante quatro meses consecutivos e
mensalmente, é avaliar abundância, a riqueza e a qualidade das espécies de aves
existentes no entorno dos Portos do Paraná em diferentes períodos do ano.
“Este é mais um programa desenvolvido pelos Portos do Paraná para
monitorar o estado de conservação da fauna e da flora nas baías de Paranaguá e
Antonina. Todo o trabalho da Appa é fiscalizado pelos órgãos ambientais e visa
minimizar os impactos da atividade portuária sobre os ecossistemas existentes”,
explica o diretor-presidente Appa, Luiz Henrique Dividino.
Apenas nos três primeiros meses de monitoramento a equipe de técnicos,
composta por um ornitólogo, engenheiro ambiental e oceanógrafo, registrou 4.057
indivíduos de aves distribuídas em 29 espécies associadas aos ambientes
aquáticos.
HABITAT CONSERVADO - Entre as espécies registradas, três aves são
consideradas como ameaçadas de extinção, segundo a lista nacional de espécies
da fauna brasileira ameaçadas de extinção, elaborada pelo Instituto Chico
Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio. São elas: trinta-réis-real
(Thalasseus maximus) (fotos em anexo) considerado como Em Perigo e
trinta-réis-de-bico-vermelho (Sterna hirundinacea) e saíra-sapucaia (Tangara
peruviana), ambas as espécies consideradas como Vulnerável.
Além disso, o trabalho de monitoramento da avifauna produzido pela Appa
também avistou espécies como o guará (Eudocimus ruber), ave com recolonização
recente no litoral do Paraná e o papagaio-da-cara-roxa (Amazona brasiliensis),
espécie que considerada “quase ameaçada” segundo a lista do ICMBio.
O monitoramento vem ao encontro com recente estudo divulgado pela
Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS). A SPVS
desenvolve desde 1998 o Projeto de Conservação do papagaio-de-cara-roxa e, este
ano, o censo populacional apontou que a maioria da população de papagaios que
habita o litoral do Paraná – cerca de quatro mil indivíduos, 60% do total –
vivem no dormitório da Ilha da Cotinga, local que fica a 460 metros de
distância do Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP).
Os estudos da Appa também identificaram espécies com maiores exigências
ambientais como é o caso do savacu-de-coroa (Nyctanassa violacea) e a
gaivota-maria-velha (Chroicocephalus maculipennis).
“O monitoramento de aves está demonstrando que é possível aliar o
desenvolvimento econômico com a conservação do meio ambiente. Hoje, a Appa
promove diariamente mais de 30 programas com o intuito de proteger as baías de
Paranaguá e Antonina”, enfatiza Dividino.
LOCAIS MONITORADOS – Neste primeiro trimestre de trabalho a equipe
monitorou a ocorrência de aves no Trapiche de Antonina, na Ponta da Pita, em
Antonina; nos arredores do Santuário Nossa Senhora do Rocio, em Paranaguá; em
Pontal do Sul, na Ilha do Mel e em um trecho de 60 quilômetros (embarcados)
entre os Portos de Paranaguá e Antonina.
Nas incursões são investigados diversos tipos de ambientes, entre eles
manguezais, restingas, marismas, praias arenosas, praias com presença de rochas
e planícies de sedimentos que ficam expostos durante baixas de marés.
A primeira etapa de monitoramento da Avifauna será feita pela Appa até
outubro de 2018. Serão 30 campanhas amostrais ininterruptas, correspondendo a
dois anos e seis meses de monitoramento. “O principal objetivo do programa é
levantar e monitorar as espécies que ocorrem nas baías e sua dinâmica ao longo
do tempo, além de buscar as áreas de maior relevância ecológica para as aves”,
explica o oceanógrafo e coordenador do Programa da Biota Aquática da Appa,
André Cattani.
Dados relativos a outras espécies ocorrentes em matas, florestas,
restingas e manguezais também são anotados e trabalhados. Tudo é fotografado e
registrado pelo ornitólogo, sendo que algumas espécies de aves são localizadas
pela audição.
O ornitólogo Jean Junior Barcik diz que na sequência do monitoramento, com
o registro de aves difíceis de se perceber e a chegada de outras espécies
durante o período de migração, o número de espécies e a abundância de cada uma
delas tendem a variar ao longo das campanhas.
“Esperamos com este trabalho ter uma compreensão mais clara sobre o padrão
de ocupação e uso dos ambientes aquáticos da região. O monitoramento poderá
servir de subsídios para tomada de decisões futuras, visando à conservação das
espécies de aves e de outros organismos associados”, afirmou Barcik.
Fonte: APPA
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