Em 2017, os
ricos do país ganharam 36,1 vezes mais do que metade dos mais pobres. Este
grupo 1% mais rico da população brasileira, em 2017, teve rendimento médio mensal
de R$ 27.213. O valor representa, em média, 36,1 vezes mais do que metade do
que receberam os mais pobres – cujo renda mensal foi de R$ 754 naquele ano. Em
2016, o grupo mais rico ganhava 36,3 vezes mais do que a média do rendimento de
metade dos mais pobres.
Os dados fazem
parte da pesquisa Rendimento de todas as fontes 2017, divulgada hoje (11)
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
estatística (IBGE), com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
A publicação
revela que a massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita, em
2017, foi de R$ 263,1 bilhões. Deste total, os 10% da população com os maiores
rendimentos ficavam com 43,3% do total. Os 10% menores rendimentos detinham
apenas 0,7% da renda.
Para o
coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo, os números mostram que a desigualdade
ainda é grande no país. "Vamos separar a população inteira, do mais baixo
ao mais alto. Se você pega metade dela, verá que a média de rendimento médio
dos 50% que ganham menos é de R$ 754, valor mais que 36 vezes menor do que o
rendimento da população que ganha os maiores salários, e que chega a R$ 27.213.
Os 10% com os maiores rendimentos chegam a deter 43% do total recebido”,
afirmou.
Concentração
Na região
Sudeste, a concentração de renda foi ainda maior. Nesta região, está a maior
parcela da população e reúne rendimento médio mensal real do grupo de 1% mais
ricos. No Sudeste, este grupo chegou a ter concentração 33,7 vezes superior ao
rendimento médio mensal real de 50% da população com os menores rendimentos –
em 2016 era de 36,3 vezes.
A região que
apresentou a menor relação foi a Sul (25 vezes, em 2017 e 24,6 vezes em 2016).
Em 2016, o número era 36,3 vezes maior.Também foi o Sul que teve a menor
desigualdade com 25 vezes, em 2017 e
24,6 vezes em 2016.
O estudo do
IBGE compara o rendimento da população do ponto de vista da distribuição por
Grandes Regiões, tipo de rendimento, sexo, cor ou raça, nível de instrução,
levando em consideração os indicadores de concentração de renda. Também são
avaliados os programas de transferência de renda do governo federal.
Rendimento do
trabalho
Os dados do
IBGE indicam que, em 2017, as pessoas que tinham rendimento de todos os
trabalhos correspondiam a 41,9% da população residente, o equivalente a 86,8
milhões de pessoas, percentual afetado pela crise econômica que afetou o país.
Em 2016, o percentual chegava a 42,4% Em 2017, 24,1% dos residentes (50
milhões) possuíam algum rendimento proveniente de outras fontes. Em 2016 este
percentual era menor: 49,3 milhões de pessoas tinham rendimento de outras fontes,
o equivalente a 24% dos residentes.
O rendimento
de outras fontes, mais frequente na população, vinha de aposentadoria ou
pensão. Em 2017, 14,1% da população recebia por aposentadoria ou pensão; 2,4%,
por pensão alimentícia, doação ou mesada de não morador; 1,9%, por aluguel e
arrendamento; enquanto 7,5% recebiam outros rendimentos, como
seguro-desemprego, programas de transferência de renda do governo, rendimentos
de poupança, valores similares aos de 2016.
Para o
coordenador da Pnad Contínua, os números derrubam o mito de que principalmente
nas regiões Norte e Nordeste, os programas de transferência renda respondem
pela maior parte do rendimento das famílias.
“Isso não é
verdade. Quando olhamos o país como um todo, observamos que 73,8% da composição
do rendimento da família vem do trabalho, !9,4% de aposentadoria ou pensão e
outros rendimentos como aluguel (2,4%), e o restante de pensões, doação de não
morador.”
Com relação
aos programas de transferência de renda do governo federal, a pesquisa constatou
que o percentual das famílias brasileiras que recebiam o Bolsa Família caiu 0,6
ponto percentual entre 2016 e 2017, ao passar de 14,3%para 13,7%.
Segundo a
pesquisa, o rendimento médio mensal real domiciliar per capita dos domicílios
que recebiam o Bolsa Família em 2017 foi de R$ 324, bem inferior ao rendimento
médio mensal real domiciliar per capita dos que não recebiam, que era de R$
1.489.
Os dados
indicam que os maiores percentuais de famílias que recebiam algum tipo de
benefício dos programas de transferência de renda do governo estavam
localizados, no ano passado, nas regiões Norte e Nordeste, com respectivamente
25,8% e 28,4% dos domicílios.
Já o Benefício
de Prestação Continuada (BPC) era recebido por 3,3% dos domicílios do país, que
tinham rendimento médio real domiciliar per capita de R$ 696 reais. As regiões
Norte e Nordeste apresentaram os maiores percentuais (5,6% e 5,2%,
respectivamente).
Desigualdade
por cor, sexo e instrução
Os números da
pesquisa Rendimento de todas as fontes 2017 mostram a continuidade de distorção
histórica do mercado de trabalho do país: a desigualdade salarial entre homens
e mulheres, cor e raça e por nível de escolaridade.
A pesquisa
ratifica a persistência do salário maior para os homens do que para as mulheres.
Enquanto o rendimento médio mensal real de todos os trabalhos, no Brasil, foi
de R$ 2.178; entre os homens, esta média chegou a R$ 2.410. Já para as
mulheres, o rendimento médio mensal registrado foi de R$ 1.868, ou seja: o
equivalente a 77,5% do rendimento masculino. Em 2016, essa proporção era ainda
menor: 77,2%.
As regiões
Nordeste e Norte, apesar de terem os menores valores de rendimento médio mensal
real para ambos os sexos dentre todas as demais regiões, apresentaram as
maiores proporções de rendimento das mulheres em relação aos homens: Isto é, as
maiores taxas de proximidades.
No Nordeste, o
salário da mulher equivalia a 84,5% do salário do homem em 2017, enquanto no
Norte este percentual era de 87,9%. Em 2016, o salário da mulher equivalia a 88,4%
do homem no Nordeste e a 89,2% no Norte.
A Região
Sudeste, que registrou a segunda maior média salarial para as mulheres (R$
2.053) e a maior para os homens (R$ 2.810), foi, paralelamente, a região onde
as mulheres registraram a menor proporção do rendimento masculino (73,1% em
2017 ante 71,7% de 2016).
“O Brasil é um
país bastante desiguais quando se leva em conta os cortes por sexo, cor e raça,
nível de instrução e regiões distintas do país. “Nós somos praticamente cinco
país em um só demonstrados pelo retrato de cada uma das cinco regiões”, afirmou
o coordenador da pesquisa.
Do ponto de
vista da cor e da raça, o IBGE constatou que o rendimento médio mensal real de
todos os trabalhos das pessoas brancas era, em 2017, de R$ 2.814, maior que os
rendimentos observados para as pessoas pardas (R$ 1.606) e pretas (R$ 1.570).
As mulheres
brancas apresentaram rendimentos 29,2% superiores à média nacional de R$.2 178,
enquanto as pardas e pretas receberam rendimentos 26,3% e 27,9%,
respectivamente, inferiores a essa média.
A mesma
distorção foi observada quando a análise é feita sob o ponto de vista do grau
de escolaridade, com o nível de instrução se mostrando indicador importante na
determinação do rendimento médio mensal real de todos os trabalhos,
apresentando uma relação positiva, ou seja: quanto maior o nível de instrução
alcançado, maior o rendimento.
“As
desigualdades pelos cortes de cor (preta ou parda em relação a Branca) chega a
quase à metade. A diferença persiste porque há, no Brasil, como em outras
partes do mundo, maior rendimento para aqueles que tem nível superior. Só que a
participação de pessoas de cor de nível superior no Brasil é muito baixa”,
acrescentou Azeredo.
Segundo o
levantamento, as pessoas que não possuíam instrução apresentaram o menor
rendimento médio: R$ 842. Por outro lado, o rendimento das pessoas com ensino
fundamental completo ou equivalente foi 67,3% maior, chegando a R$ 1.409.
Por fim,
aqueles que tinham ensino superior completo registraram rendimento médio
aproximadamente 3 vezes maior que o daqueles que tinham somente o ensino médio
completo e mais de 6 vezes o daqueles sem instrução.
Fonte: Agencia
Brasil (Nielmar de Oliveira)