Na noite desta segunda-feira (12), a cidade de Paranaguá viveu um momento histórico com a apresentação oficial das primeiras mulheres a exercerem a função de estivadoras no porto local. O prefeito Adriano Ramos, acompanhado da vice-prefeita Fabiana Parro e do chefe de gabinete André Ferrucci, recepcionou as trabalhadoras Eduarda Garcia da Costa, Fernanda Garcia da Costa e Juliana Alves Araújo Ferreira, que passam a integrar um setor tradicionalmente dominado por homens.
O evento contou com a presença de lideranças sindicais, como o presidente do Sindicato dos Estivadores de Paranaguá e Pontal do Paraná (Sindestiva), João Fernando da Luz, o diretor de Assuntos Sindicais da Secretaria de Trabalho (Semtra), Dirceu Pereira, e o presidente do Sindicato dos Vigias, Marcos Ventura Alves.
A inclusão das primeiras mulheres na estiva é resultado de um processo seletivo conduzido pelo Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo), que substituiu o antigo sistema de indicações. A mudança representa um marco na trajetória do Sindestiva, fundado em 1903, que há 121 anos atua na organização dos trabalhadores do porto.
“É o início de uma nova era para a estiva. Estou encerrando minha trajetória com a certeza de que ela continuará forte e mais inclusiva”, afirmou João Fernando da Luz, visivelmente emocionado.
Ex-estivador e filho de estivador, o prefeito Adriano Ramos ressaltou a importância simbólica da conquista. “É um momento histórico. Ver mulheres trabalhando nos porões dos navios, algo impensável há alguns anos, é muito significativo. Eduarda, por exemplo, foi a primeira mulher a bater lingada e pegar sacaria no período da madrugada. Isso exige técnica, força e coragem. A estiva ganha um novo rosto, mais diverso e representativo”, destacou o prefeito.
Fernanda Garcia da Costa compartilhou sua experiência no novo ofício. Natural de Rio Grande (RS), ela e sua irmã Eduarda decidiram encarar o desafio após saberem do processo seletivo. “Fomos bem recebidas, os colegas ajudaram muito e explicaram como tudo funciona. Está sendo muito gratificante estar aqui, aprendendo com a cultura local. Agora, mais maduras, podemos viver essa experiência e esperamos inspirar outras mulheres”, afirmou.
A vice-prefeita Fabiana Parro também celebrou o avanço: “É emocionante ver a alegria dessas mulheres ao conquistarem seu espaço. Elas têm metas, sonhos, e servem de exemplo para outras que desejam ingressar nesse universo.”
Atualmente, cerca de 1.100 estivadores atuam no porto de Paranaguá. Com a entrada das primeiras mulheres, o setor passa a refletir um compromisso maior com inclusão, inovação e igualdade de oportunidades no trabalho portuário. A expectativa é que mais mulheres ingressem em breve, tanto no quadro ativo quanto no cadastro reserva do sindicato.
A presença feminina na estiva não apenas rompe barreiras, mas simboliza um novo capítulo na história do trabalho portuário brasileiro.
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