A
Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) vistoriou 98% das
embarcações nacionais e internacionais que atracaram em Paranaguá em 2017 para
verificar se foi feita corretamente a troca oceânica da água de lastro, que é
usada como contrapeso nos navios. A medida contribui para proteger a
biodiversidade local porque evita a contaminação do ecossistema das baías de
Paranaguá e Antonina com espécies exóticas indesejadas, originárias de outros
países e regiões do Brasil.
De acordo com
o relatório divulgado pela Appa, de janeiro a dezembro do ano passado passaram
pelo porto paranaense 1.111 navios, dos quais 1.088 foram verificados. Em
contrapartida, em 2018 passaram pelo porto 405 navios. Destes, 395 já foram
vistoriados.
Todas as
embarcações apresentaram resultados que mostram o correto gerenciamento da água
de lastro, de acordo com as normas ambientais que orientam a prática. O volume
de vistorias está aumentando a cada ano e já é 13% maior do que em 2016, quando
foram monitoradas 86% das embarcações.
De acordo com
o diretor-presidente da Appa, Lourenço Fregonese, o objetivo é que 100% dos
navios que passem por Paraná sejam verificados. “Desde 2013, quando a
verificação começou a ser feita, as equipes da Appa aumentaram
significativamente o número de embarcações monitoradas. Queremos que o Porto de
Paranaguá continue sendo referência no cuidado com o meio ambiente e essa ação
é extremamente importante para proteger os nossos recursos naturais”, comenta.
BASE LEGAL –
Os procedimentos para o correto gerenciamento da água de lastro estão na Norma
da Autoridade Marítima (Norman) nº 20.
O diretor de
Meio Ambiente da Appa, Bruno da Silveira Guimarães, explica que há várias
campanhas para orientar e conscientizar as tripulações, vindas de diferentes
partes do mundo. “Essa ação faz parte do Plano de Controle Ambiental do Porto
de Paranaguá, como forma de reforçar a necessidade do gerenciamento adequado”,
explica.
COMO FUNCIONA
– O trabalho da equipe da Appa especializada na ação é diário. Os agentes
acessam as embarcações e retiram amostras da água de lastro. Ali mesmo, no
interior dos navios, o material é avaliado por meio de um aparelho chamado de
salinômetro, que indica os níveis de salinidade (quantidade de sal).
Com isso, é
possível indicar se a troca da água foi realizada nos limites estabelecidos
pelo regulamento. Se o valor apontado for maior que 3% de salinidade,
representa que a troca ocorreu a, no mínimo, 200 milhas da costa e em local com
pelo menos 200 metros de profundidade – como orienta a legislação.
Além da
verificação do material físico, os agentes analisam também um documento emitido
por cada tripulação. Ele é chamado de Ballast Water Reporting (Relatório de
Água de Lastro) e indica o local exato da troca do líquido. Os dados do
documento devem estar de acordo com o que for verificado pela equipe. Caso
contrário, a Marinha é informada para que uma nova verificação seja feita.
De acordo com
o comandante dos Portos do Paraná, capitão de Mar e Guerra Germano Teixeira da
Silva, o assunto merece a atenção não só dos trabalhadores e das tripulações,
mas, também, de toda a população. “As verificações realizadas constantemente
são fundamentais para evitar a poluição hídrica e garantir a biodiversidade do
nosso ecossistema”, enfatiza.
NECESSIDADE
GLOBAL – De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente, a transferência de
seres exóticos de um lugar a outro por meio da água de lastro foi indicada como
uma das quatro principais ameaças aos oceanos do mundo. Quando uma espécie é
transportada para um local que não é seu habitat natural, vários problemas
podem ser gerados, causando desequilíbrio ambiental.
Um exemplo de
espécie exótica invasora é o mexilhão dourado (Limnoperna fortunei), originário
da Ásia. Trazido pela água de lastro, o mexilhão dourado infestou o continente
sul-americano e se reproduziu livremente por não ter predadores naturais. A
presença desse organismo também destrói a vegetação aquática; disputa espaço e
alimentos com os moluscos nativos; entope canos e dutos de água, de esgoto e de
irrigação; obstrui as turbinas de usinas hidrelétrica; e compromete
equipamentos dos navios.
Fonte: APPA
Fotos: Ivan Bueno