A criança se comunica mais pelo choro e
outros sinais não verbais que por palavras, quando algo está errado. No caso de
violências, o silêncio é ainda maior, porque, geralmente, o autor é próximo à
família. Para enfrentar essa situação, a Secretaria de Estado da Família e
Desenvolvimento Social lança a campanha “Não engula o choro”, que começou a ser
exibida nos cinemas nesta terça-feira (em 1.º de maio).
Duas
animações, de aproximadamente um minuto cada, são projetadas antes dos filmes,
durante todo o mês, de acordo com a lei estadual 18.798/2016, sancionada ano passado pelo então governador Beto
Richa. Esta é uma das peças da campanha, que será levada para internet e outras
mídias. O Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de
Crianças e Adolescentes é 18 de maio, o que faz com que esse seja o mês de
enfrentamento a essas violações de direitos.
ENFRENTAMENTO – A
secretária estadual da Família, Fernanda Richa, explica que o silêncio e outros
fatores envolvidos na violência contra criança dificultam que a rede de
proteção tome ciência da situação e possa intervir de maneira adequada. A
campanha tem a parceria das secretarias estaduais da Saúde, da Educação e da
Segurança Pública, que registra e encaminha denúncias de violações de direitos,
no Paraná, pelo telefone 181.
Fernanda
Richa disse que um dos objetivos da campanha é reduzir a subnotificação e
incentivar a população a denunciar esses crimes, assim como estabelecer diálogo
com a criança. “É imprescindível sensibilizar família, professores e todos os
agentes da rede de proteção”, disse a secretária. “Somente dessa forma
tornaremos visíveis essas situações que comprometem o desenvolvimento de
meninos e meninas”, acrescentou.
As
duas animações mostram crianças chorando e passando por situações de perigo até
encontrar alguém para contar o problema, em um dos casos a acolhida é feita
pela professora e no outro, pelos pais. “Esses filmes mostram para a criança
que ela pode contar com uma pessoa de confiança para ajudá-la, em caso de
violência ou em que algo está errado”, afirmou Fernanda.
PERIGO - Para Leandro Meller, superintendente das Políticas de Garantias de Direitos, da Secretaria da Família, o desenvolvimento físico e intelectual está relacionado aos estímulos do ambiente experimentados na infância. “A violência é violação de direitos, em qualquer idade. E seja qual for o tipo poderá deixar marcas profundas na formação da criança, principalmente nos primeiros anos de vida”, disse Meller.
O presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança do Adolescente (Cedca), Alann Bento, enfatiza que as violências não escolhem classe social. “Não é possível afirmar que os abusos físicos, sexuais ou psicológicos ocorrem mais em famílias de baixo poder aquisitivo. Mas, independentemente da condição financeira, o sofrimento é o mesmo, assim como o mal causado ao desenvolvimento saudável da criança e do adolescente”, afirmou.
FRENTES – A campanha é constituída de etapas, com materiais direcionados a cada público e para mídias específicas. Para crianças e adolescentes, a ação será divulgada em mídias sociais, também com apoio de influenciadores, e em salas de cinema, antes de cada sessão. Também terá comunicação externa nos maiores municípios, em outdoors, mobiliário urbano e busdoor, com as imagens em ônibus do transporte coletivo.
FRENTES – A campanha é constituída de etapas, com materiais direcionados a cada público e para mídias específicas. Para crianças e adolescentes, a ação será divulgada em mídias sociais, também com apoio de influenciadores, e em salas de cinema, antes de cada sessão. Também terá comunicação externa nos maiores municípios, em outdoors, mobiliário urbano e busdoor, com as imagens em ônibus do transporte coletivo.
Os agentes da rede de
proteção, que inclui profissionais da assistência social, saúde, educação,
conselho tutelar e segurança pública dos 399 municípios receberão cartilhas e
cartazes que orientam como agir diante do problema que aflige a criança.
A ação é promovida em
parceria com o Cedca, que determinou o uso do recurso do Fundo para Infância e
Adolescência (FIA) para esse fim. “Pretendemos alcançar o maior número possível
de pessoas, para, com isso, fortalecer a proteção a crianças e adolescentes em
todo o estado”, afirmou Alann Bento. Os materiais poderão ser reproduzidos por
quem quiser usá-los para divulgar a campanha.
SINAIS – Conforme dados do
Ministério da Saúde, as quatro principais formas de violência contra crianças e
adolescentes são a negligência ou abandono; e violências física, psicológica ou
moral e sexual. Levantamento das fichas de notificação pelos serviços de saúde,
de 2010 a 2014, indicaram 35.479 casos. Desse total, 37,6% refere-se a
negligência; 29,4% a violência física; 17,9% a psicológica; e 15,1% a sexual. A
negligência responde pela maioria das notificações para crianças até 12 anos e,
a partir de então até os 19 anos, é a violência física predomina.
Os
sinais que indicam que a criança ou adolescente sofreu alguma violência variam
de acordo com a idade e tipo de agressão. Além do choro, outras reações são
perceptíveis até o fim da adolescência. Em qualquer idade, é preciso prestar
atenção ao aparecimento, sem causa aparente, de irritabilidade constante; olhar
indiferente e apatia; distúrbios do sono; dificuldade de socialização e
tendência ao isolamento; aumento na incidência de doenças, especialmente de
fundo alérgico; e frequentes de afecções de pele.
Também
é preciso ficar alerta a manifestações precoces de sexualidade, desconfiança
extrema, autoflagelação, baixa autoestima, insegurança e extrema agressividade
ou passividade. “São sinais só perceptíveis principalmente por quem convive com
a criança ou a vê com frequência, na escola, na igreja e em outro lugar de
convívio social”, destacou Alann Bento.
DENÚNCIAS – Dados
do disque-denúncia 181 informam que, de 2016 para 2017, o número de denúncias
de violência contra crianças e adolescentes aumentou 37,6%, saltando de 843
para 1.166.
No
ano passado, foram denunciados 49 casos de trabalho infantil, 3,61% do total;
64 de fornecimento ou uso de álcool ou outras drogas, 4,71%; 80 de violência
psicológica ou moral, 5,89%; 324 de negligência ou abandono, 23,86%; 413 de
violência física, 30,41%; e 428 de violência sexual, 31,52%.
O
Sistema de Informações de Mortalidade registrou, de 2006 a 2015, diminuição de
24,78% em mortes por causas externas, relacionadas a violência ou negligência
na infância e adolescência. Na comparação entre 2011 e 2015, a queda é de 20%.
Os acidentes com meios de transporte são a causa externa que mais mata dos 5
aos 14 anos, com 42,8% do total de 2011 a 2015, e as agressões dos 15 aos 19
anos, com 51,2%. Nas agressões estão incluídos ferimentos por armas brancas ou
de fogo.
Os
atendentes do telefone 181 encaminham as denúncias, de acordo com o caso e a
urgência, para o Conselho Tutelar, a Polícia Militar ou outro órgão da rede de
proteção. Por esse serviço, disponível em todo o Estado, o denunciante tem sua
identidade preservada.
Veja AQUI a tabela com sinais de violência conforme faixa
etária. Fonte: Ministério da Saúde, 2010.
Fonte: AEN