No
início de janeiro, o preço do barril de petróleo atingiu o menor valor dos
últimos 11 anos e o preço do litro da gasolina despencou nas bombas de
combustível ao redor do mundo.
Há um ano, o barril do Brent — equivalente ao petróleo em forma
bruta — custava US$ 62,58. Agora, a mesma quantidade do combustível é comprada
por menos de US$ 30 (o equivalente a cerca de R$ 120).
No entanto, os motoristas brasileiros não
enxergam essa diminuição do preço do combustível na hora de abastecer o carro.
De acordo com dados divulgados semanalmente
pela ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o valor
médio de um litro de gasolina no País segue na contramão daquele cobrado pelos
barris de petróleo e, surpreendentemente, subiu R$ 0,04 nas últimas semanas,
com custo médio de R$ 3,67.
Segundo especialistas da área de petróleo e
gás, esse fenômeno pode ser explicado pelo fato de que o preço da gasolina no
Brasil é controlado pelo governo, o que impede que o combustível fique mais em
conta conforme a flutuação do valor dos barris de petróleo no exterior.
O diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infra
Estrutura) e consultor na área de petróleo e gás, Adriano Pires, avalia que o
alto preço da gasolina no Brasil tem influência dos 50% recolhidos em impostos
pela venda do combustível e da decisão de manter os valores controlados para
ajudar as contas da Petrobras, que tem uma dívida que ronda os R$ 500 bilhões.
— Sem repassar o preço, a gente acaba pagando
mais caro que o mundo inteiro. Quando o mundo pagava gasolina cara, a gente
pagava mais barato. Agora que o mundo paga gasolina mais barato, a gente paga
ela mais cara.
De acordo com Adriano, na últimas semana, a
gasolina no Brasil estava quase 30% mais cara do que no mercado internacional e
o diesel, quase 60% mais caro.
Para o professor de economia da UFF
(Universidade Federal Fluminense) Luciano Losekan, a segurada de preços da
gasolina tem a intenção de justamente “compensar” a política que foi prejudicial
à Petrobras no passado.
— Até 2013 nós tínhamos uma política de
preços que era danosa à Petrobras porque os valores dos mercados internacionais
eram maiores do que aqueles praticados no Brasil, Isso causou uma perda muito
significativa para a Petrobras e a ideia agora é recompensar isso.
O mestre em Ciências e Engenharia do Petróleo
e professor da EAESP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo), da FGV
(Fundação Getulio Vargas), Rafael Schiozer, observa que a decisão de manter o
valor da gasolina mais em conta no passado teve como objetivo o controle da
inflação. Em uma projeção, ele afirma que o preço pago pela gasolina nas bombas
brasileiras não deve reduzir nos próximos meses.
— Se a Petrobras operasse em um ambiente mais
competitivo, a queda no preço do petróleo eventualmente chegaria ao consumidor
final, mas não tem perspectiva para que isso aconteça, porque a Petrobras vai
segurar o preço um pouco mais alto.
A mesma percepção de Schiozer é vista por
Pires, que não acredita na redução do preço da gasolina. No entanto, ele observa
que há uma possibilidade do governo diminuir o valor cobrado pelo diesel em
função dos “impactos políticos maiores” causados pelo combustível utilizado em
ônibus e caminhões.
Fonte: R7
0 Comentários