Aparecida (RV) – Penúltimo dia de trabalhos da 54ª
Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB, em
Aparecida, SP. Como de costume o dia teve início com a Santa Missa na Basílica
Nacional, hoje presidida por Dom Alberto Taveira Correa, Arcebispo de Belém,
PA. Concelebraram os bispos do Regional Norte 2.
Ontem tivemos a aprovação do documento final desta
Assembleia, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade. Sal da terra e
luz do mundo”. A partir da publicação posterior desse documento, as
comunidades, paróquias e dioceses do Brasil terão um novo referencial da
reflexão da Igreja sobre a identidade e a atuação dos leigos.
Sobre o documento nós ouvimos Dom Orlando Brandes, Arcebispo
de Londrina e membro da Comissão para o tema central....
Na manhã de ontem tivemos durante uma sessão de trabalhos a
exposição sobre a questão indígena no País feita por Egon Heck, do secretariado
do CIMI (Conselho Indigenista Missionário), organismo da CNBB. Ele recordou que
a convicção que amadureceu nos “44 anos de militância junto aos povos
indígenas, da maioria das regiões do país, é a de que de fato não existe espaço
de sobrevivência e dignidade para os povos indígenas no atual modelo
neoliberal”.
Tivemos ontem um breve informe sobre a celebração dos 300 anos
do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Como todos sabem, a imagem
milagrosa de Nossa Senhora Aparecida foi encontrada no rio Paraíba do Sul no
ano de 1717 e, portanto, em 2017 a aparição da imagem completará 300 anos.
O Arcebispo do Rio de Janeiro, cardeal Orani Tempesta também
falou ontem em plenário sobre os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos no Rio de
Janeiro. Ele disse que será montada na Vila Olímpica uma capela
inter-religiosa, com a nomeação de um padre que ficará responsável para coordenar
os trabalhos. “Os atletas do mundo inteiro terão lugar de culto, de celebração
conforme a religião de cada um. Nós estamos com essa responsabilidade. A Igreja
Católica está muito à vontade em ter esse trabalho devido ao nosso
relacionamento não só com os irmãos cristãos, mas também com outras religiões”,
declarou. Além disso, nas igrejas próximas aos locais onde vão acontecer os
jogos estão previstas celebrações em outros idiomas como forma de acolher
atletas e turistas.
No final da última sessão, os bispos voltam a ter
informações sobre o projeto “Comunhão e Partilha” da CNBB, que surgiu na
assembleia geral de 2012 com a finalidade de criar e administrar um fundo
financeiro para ajudar na formação dos futuros padres nas dioceses e prelazias.
Dom Alfredo Shaffler, bispo de Parnaíba (PI), foi presidente da Comissão e
continua membro da mesma. Ele diz que no ano que vem, 2017, quando o projeto
completará cinco anos, os bispos vão fazer uma avaliação da iniciativa.
A CNBB divulgou, na tarde de ontem, quarta-feira, a mensagem
para as eleições municipais deste ano. O texto foi aprovado durante a
Assembleia Geral. Os bispos dirigem ao povo brasileiro "uma mensagem de
esperança, ânimo e coragem".
A mensagem aborda o momento atual, ressalta o papel dos
leigos como sujeitos na política e apresenta os critérios que podem ajudar os
brasileiros a escolher seus prefeitos e vereadores neste ano.
Os cristãos leigos e leigas – destaca a mensagem - não podem
“abdicar da participação na política” (Christifideles Laici, 42). A eles cabe,
de maneira singular, a exigência do Evangelho de construir o bem comum na
perspectiva do Reino de Deus. Contribui para isso a participação consciente no
processo eleitoral, escolhendo e votando em candidatos honestos e competentes.
Associando fé e vida, a cidadania não se esgota no direito-dever de votar, mas
se dá também no acompanhamento do mandato dos eleitos.
As eleições municipais têm uma atração e uma força próprias
pela proximidade dos candidatos com os eleitores. Se, por um lado, isso
desperta mais interesse e facilita as relações, por outro, pode levar a
práticas condenáveis como a compra e venda de votos, a divisão de famílias e da
comunidade. Na política, é fundamental respeitar as diferenças e não fazer
delas motivo para inimizades ou animosidades que desemboquem em violência de
qualquer ordem.
Para escolher e votar bem é imprescindível conhecer, além
dos programas dos partidos, os candidatos e sua proposta de trabalho, sabendo
distinguir claramente as funções para as quais se candidatam.
É fundamental considerar o passado do candidato, sua conduta
moral e ética e, se já exerce algum cargo político, conhecer sua atuação na
apresentação e votação de matérias e leis a favor do bem comum. A Lei da Ficha
Limpa há de ser, neste caso, o instrumento iluminador do eleitor para barrar
candidatos de ficha suja.
É preciso estar atento aos custos das campanhas.
A compra e venda de votos e o uso da máquina administrativa
nas campanhas constituem crime eleitoral que atenta contra a honra do eleitor e
contra a cidadania. Exortamos os eleitores a fiscalizarem os candidatos e,
constatando esse ato de corrupção, a denunciarem os envolvidos ao Ministério
Público e à Justiça Eleitoral, conforme prevê a Lei 9840, uma conquista da
mobilização popular há quase duas décadas.
A Igreja Católica não assume nenhuma candidatura, mas
incentiva os cristãos leigos e leigas, que têm vocação para a militância
político-partidária, a se lançarem candidatos.
De Aparecida, SP, para a Rádio Vaticano, Silvonei José.
(from Vatican Radio)
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