Mais de 600 pessoas participaram nesta segunda e terça-feira (30 e 1º), em Paranaguá, de um grande mutirão de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, chikungunya e zika. As ações foram coordenadas pela Secretaria Estadual da Saúde, em parceria com a prefeitura municipal, e mobilizaram diversas entidades do poder público, empresas, associações e voluntários da comunidade. A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) também intensificou as ações de orientação, limpeza e dedetização na área portuária. As medidas foram desde a eliminação de possíveis criadouros do mosquito até orientação aos dois mil funcionários que atuam na área administrativa e no cais do Porto de Paranaguá todos os dias.
Um panfleto contendo dicas sobre como se proteger da dengue e sobre os sintomas da doença está sendo distribuído nos portões de entrada dos trabalhadores portuários. Também foram reforçadas as orientações sobre a eliminação de recipientes que podem acumular água e de outros possíveis criadouros do mosquito.
Mesmo com chuva, as
equipes da Prefeitura e da Secretaria percorreram diversos bairros da cidade,
atingindo cerca milhares de domicílios e estabelecimentos comerciais. O
objetivo foi eliminar os potenciais criadouros do mosquito e orientar a
população sobre os cuidados necessários para evitar o avanço da doença. Devido
ao tempo ruim, as ações continuarão sendo realizadas até este sábado (5), com o
mutirão chegando a Ilha dos Valadares.
De acordo com a
prefeitura, o número de casos neste ano já chega a 183. Esta é a primeira vez que
uma cidade do litoral paranaense registra circulação viral da dengue e a
situação já é de alerta, já que o verão – considerado o período mais crítico
para a doença – ainda nem começou.
Segundo o secretário
estadual da Saúde, Michele Caputo Neto, o momento é de reforçar as ações de
prevenção e focar no combate ao mosquito. “Não podemos deixar que o mosquito
encontre condições para se proliferar. Temos que acabar com a água parada,
eliminando todo e qualquer objeto, recipiente ou local que possa acumular água
e se tornar um criadouro”, ressaltou Caputo Neto.
FOCOS – Atualmente, 58% dos criadouros encontrados em Paranaguá são considerados lixo, como copos descartáveis, garrafas pet, latas, sucata, sacolas plásticas e outros itens recicláveis. O descarte destes objetos a céu aberto e de forma inadequada favorece a reprodução do mosquito. No mutirão, foi verificado, inclusive, lixo sendo despejado na beira de rios, o que também traz prejuízos ambientais.
Outros vilões da dengue são os depósitos ao nível do solo (poços, cisternas e caixas d'àgua) e objetos como pneus e câmaras de ar, que juntos representam 23% do total de criadouros.
Há também a preocupação com os depósitos naturais, como os ocos de árvore, bromélias e outras plantas. “Muita gente não percebe que esses locais também podem acumular água e causar sérios problemas. Neste mutirão, pudemos encontrar várias larvas do mosquito neste tipo de depósito, então é preciso que todos fiquem atentos”, relatou a coordenadora do Programa Estadual de Controle da Dengue, Zika e Chikungunya, Themis Buchmann.
Na última semana, Kersten decretou estado de emergência em saúde devido ao aumento no número de casos de dengue na cidade. A medida foi tomada para agilizar alguns trâmites, como a contratação de pessoal e serviços emergenciais no combate à doença.
O decreto também trouxe mais uma arma para os profissionais que atuam diretamente no enfrentamento do mosquito. Com a lei municipal (3.219/2015), fica autorizado que agentes de saúde e servidores municipais participantes das ações de fiscalização entrem em casas fechadas ou abandonadas, mediante apoio da Guarda Civil Municipal.
APOIO POPULAR – Nos primeiros dois dias de limpeza, a população cumpriu um papel importante na luta contra o mosquito. A aposentada Agda Moreira, moradora do bairro Costeira, disse que separou uma manhã inteira para fazer faxina em casa e agora promete que isso se tornará rotina. “A gente tem medo, porque sabe que esse mosquito mata. Tento deixar tudo organizado e limpo, mas com o perigo da dengue eu e meus vizinhos vamos nos cuidar ainda mais”, declarou a dona de casa.
Em toda a visita a uma casa ou comércio, os voluntários distribuíram material educativo com informações sobre como se proteger da dengue e deixar o local livre do mosquito. Para o comerciante Airton do Carmo José, essa ação é essencial para chamar a atenção principalmente para aqueles criadouros que não estão à vista.
Durante o trabalho
em sua distribuidora, foram encontradas algumas larvas do mosquito em garrafas
de vidro que estavam prestes a ser transportadas para outro local. “A partir de
agora vamos ter mais cuidado para deixar as garrafas armazenadas sempre com a
boca para baixo. Desta forma, evita que ela acumule água da chuva”, disse o
comerciante. PARCERIA – O prefeito de Paranaguá, Edison Kersten, comemorou a boa
adesão da população e disse que a parceria com diversas entidades será mantida.
“Temos que parabenizar todos que nos auxiliaram nesta luta e dizer que o
trabalho continua. O combate à dengue tem que ser feito todos os dias. Só assim
vamos reduzir os riscos de uma epidemia”, afirmou.
PESQUISA – Paralelamente ao mutirão, a equipe de entomologia da Secretaria Estadual da Saúde está coletando ovos, larvas, pulpas e mosquitos para realizar um estudo sobre o comportamento do inseto no Litoral. A intenção é mapear os locais que têm registros de circulação do mosquito e embasar atividades de combate, se necessário, com o uso do fumacê (UBV pesada).
NÚMEROS – Desde agosto deste ano, o Estado do Paraná já contabiliza 518 casos confirmados de dengue e nenhuma morte. Os números são do boletim informativo da doença, divulgado na última semana pela Secretaria Estadual da Saúde.
O relatório aponta ainda que Santa Isabel do Ivaí, na região Noroeste, já apresenta incidência de casos superior a 300 ocorrências por 100 mil habitantes, o que o coloca em situação de epidemia. Assim como em anos anteriores, a situação é mais crítica nas regiões Noroeste, Norte e Oeste do Estado.
Além da dengue, o mosquito Aedes aegypti também transmite a febre Chikungunya e a Zika, relacionada ao surto de microcefalia no nordeste do país. “Vivemos uma tríplice ameaça, o que só reforça a necessidade de se intensificar as medidas de prevenção e eliminação deste mosquito”, alerta a chefe do Centro Estadual de Vigilância Ambiental, Ivana Belmonte.
Até o momento, o
Paraná registra apenas 11 casos importados de chikungunya, ou seja, paranaenses
que se infectaram fora e foram tratados no Estado. Quanto à Zika, são cinco
casos importados e dois autóctones, quando a infecção ocorre dentro do próprio
Estado. Trata-se de um casal de moradores de São Miguel do Iguaçu, que não
tiveram histórico de viagem. Ambos foram tratados e passam bem.
VEJA ALGUMAS DICAR
PARA PREVENIR A DENGUE
PLANTAS E JARDINS:
- Encha de areia até
a borda os pratinhos dos vasos de planta;
- Se não colocou
areia e acumulou água no prato, lave-o uma vez por semana;
- Plantas aquáticas
devem ter água trocada e o vaso lavado uma vez por semana.
LIXO: Coloque o lixo
em sacos plásticos e mantenha a lixeira bem fechada;
- Descarte
adequadamente todo objeto que possa acumular água, como potes, latas, garrafas;
- Mantenha o saco de
lixo bem fechado e fora do alcance de animais até o recolhimento;
- Não jogue lixo e
demais objetos em terrenos baldios.
CAIXA D’ÁGUA, CALHAS
E LAJES:
- Não deixe a água
da chuva acumulada sobre a laje;
- Remova folhas e
galhos que possam impedir que a água corra pela calha;
- Mantenha a caixa
d’água sempre fechada com tampa adequada.
TONÉIS E DEPÓSITOS:
- Mantenha bem
tampados tonéis e barris;
- Lave semanalmente
os tanques utilizados para armazenar água;
- Guarde garrafas
sempre de cabeça para baixo;
- Mantenha pneus
velhos, sacos e lonas abrigados da chuva para não acumular água.
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