Um estudo desenvolvido pela
Universidade Federal do Paraná, em parceria com a Secretaria de Estado da
Saúde, detectou um grande aumento de infestação de Aedes em Paranaguá. Foi
constatada a presença do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya em
58% das 331 armadilhas instaladas entre os dias 7 e 11 de dezembro em todo o
município.
“Foi verificada a atividade de
fêmeas adultas do mosquito em praticamente toda a área urbana de Paranaguá.
Esse é o resultado das condições climáticas favoráveis com a existência de
locais que permitem o desenvolvimento das larvas”, afirma o professor do
Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Paraná, Mario Navarro.
De acordo com Navarro, que
também é presidente da Sociedade Brasileira Entomologia, isso torna urgente a
remoção de criadouros para que a situação não se agrave ao longo do verão. “Já
estamos iniciando a estação com um índice muito elevado de mosquitos, então
qualquer entrada de vírus – seja zika, dengue ou chikungunya, você pode ter uma
epidemia. É um cenário extremamente delicado”, complementa.
FUMACÊ – Como medida para auxiliar
no combate ao vetor, o Estado, por meio da 1ª Regional de Saúde, iniciou nesta
segunda-feira (11) a aplicação de fumacê em todo o território do município.
Entretanto, o professor ressalta que o inseticida não consegue atingir todos os
locais e a mobilização da população é fundamental para mudar a situação.
“O inseticida atinge o mosquito
adulto, ele não vai atingir o ovo. A chave é a remoção de qualquer possível
criadouro na residência, local de trabalho e de toda a vizinhança. Tampar a
caixa d’água, retirar todo o lixo e cobrar do município a limpeza pública com a
maior agilidade possível”, enfatiza Navarro.
PESQUISA – O estudo, que também
conta com o apoio do Laboratório de Morfologia e Fisiologia de Culicidae e
Chironomidae (Lamfic), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior (Capes) e
Ministério da Saúde, começou a ser feito em junho de 2017 com instalação mensal
de armadilhas.
Navarro explica que o que mais
assustou foi a rapidez com que houve a evolução. “A gente passou de um cenário,
em outubro, com um percentual baixo de atividade, chegamos em novembro com uma
elevação, mas a elevação em dezembro se acentuou muito em 30 dias”, conta. A
mudança foi extrema. As armadilhas que antes indicavam a presença de 30 ou 40
ovos, passaram a ter 100, 200, superando até mesmo 500 ovos.
Box:
Vigilância auxilia na prevenção de epidemias
O Levantamento Rápido de Índice
de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) e o Levantamento do Índice de Aedes
(LIA), realizados por 380 municípios do Estado, apontaram outros 19 municípios
que também estão com alta infestação. São eles: Jacarezinho, Capanema, Nova
Aurora, Douradina, Santa Helena, São José das Palmeiras, Guaíra, Amaporã,
Lupionópolis, Dois Vizinhos, São Miguel do Iguaçu, Cidade Gaúcha, Londrina,
Borrazópolis, Grandes Rios, Campo Mourão, Mamborê, Diamante d’Oeste e Maripá.
A chefe do Centro estadual de
Vigilância Ambiental, Ivana Belmonte, comenta que a pesquisa pode ser utilizada
como ferramenta para evitar novas epidemias. “Essa vigilância deve servir como
alerta, incentivar a mobilização da população e das prefeituras para que não
permitam que essa elevação se agrave”, diz.
O município de Jacarezinho, no
norte pioneiro do Estado, organizou na última semana um grande mutirão de
limpeza. O objetivo foi eliminar o maior número possível de criadouros. “O
exemplo deve ser seguido por todos, pois este é o principal caminho para evitar
as doenças”, finaliza Ivana.
Fonte: AEN