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62 anos: Igreja de Nossa Senhora das Mercês na Ilha da Cotinga em Paranaguá

Igreja de N. S. das Mercês. A igrejinha da Cotinga, como ela é, carinhosamente conhecida. Completa hoje 62 anos. Foi inaugurada em 17 de março de 1955, em comemoração aos 20 anos de inauguração do Porto de Paranaguá.

Foi na histórica e secular “Ilha da Cotinga” em Paranaguá, litoral do Paraná, que, a partir da metade do século XVI, surgiu o primeiro povoado de brancos formado por aventureiros vindos de Cananéia e São Vicente. Inicialmente, formaram um “arraial” permanecendo por quase duas décadas até que fosse conquistada a terra dos índios carijós.  

Foi neste local, antiga sede da primitiva povoação do Paraná, que o Provedor das Minas de Ouro de Paranaguá – Capitão Manoel de Lemos Conde, projetou e realizou a edificação de uma “ermida” no ponto mais elevado da ilha, com vista para a cidade de Paranaguá. Essa ermida, construída em 1677, sob a invocação de N. S. das Mercês, cuja imagem esculpida em pedra foi trazida de Portugal e cultuada com grande devoção pelos moradores e fiéis que vinham da Vila.

Em 1699, em visita a Paranaguá, o padre João de Souza Fonseca, autoriza Antonio Morato, filho do Capitão Manoel de Lemos Conde a demolir a ermida, fato que provocou uma grande indignação no povo.

Para compensar tal ato, o material proveniente da demolição foi aproveitado na construção de outra igreja na Vila, na rua da Cambôa, hoje Conselheiro Sinimbu, onde encontramos atualmente a Igreja de São Benedito. A obra teve início em 1700, pelo mesmo Antonio Morato, sob a invocação de N. S. das Mercês, e, posteriormente, com a vinda dos primeiros escravos africanos, foi colocada uma imagem de São Benedito no Altar Mor, sendo venerado pelos cativos, que encontraram no Santo Preto um lenitivo às suas mágoas e dores, passando a imagem de Nossa Senhora para um Altar Mor Lateral. Encontra-se ainda hoje, neste templo o jazigo de Antonio Morato.

Passados quase três séculos após a demolição da ermida, já no início do ano de 1955, através do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá foi solicitado ao Governo do Estado um pedido para que fosse atendida uma antiga aspiração do povo parnangura, a reconstrução da antiga igreja.
Coube à Administração do Porto de Paranaguá a construção da nova ermida, cuja planta baixa foi desenhada no início do ano de 1955 pelo funcionário José Santos do Carmo.

Em 17 de março de 1955, às 9 horas na comemoração do 20* aniversário do porto foi realizada uma procissão marítima de retorno da imagem de N.S. das Mercês à Ilha encabeçada pela Irmandade de S. Benedito. O Arcebispo D. Manoel da Silveira Delboux veio especialmente de Curitiba para acompanhar a procissão. Subindo os 365 degraus da rústica escada de pedras recebeu a “chave” das mãos do Superintendente do porto Dr. João Guimarães da Costa, abrindo a porta da capela deu a benção à Santa e entregou ao culto do povo novamente.
Completados neste ano, sessenta e dois anos da atual reconstrução da igrejinha, como é carinhosamente conhecida, mesmo sendo reformada ao longo desses anos, encontra-se novamente em total estado de abandono. Atos de vandalismo são praticados constantemente contra aquele patrimônio histórico por falta de um projeto de utilização definitiva do local, como, por exemplo, transformando-a em uma das principais atrações turística da nossa cidade, já era objeto na época da sua reconstrução.

É necessário, com urgência, encontrar uma solução para que se resolva definitivamente essa questão, pois corremos no risco de apagarmos da nossa memória este marco da civilização paranaense.

Fotos e texto: Celso Luck