A
construção de uma nova ponte em União da Vitória vai acabar com o principal
gargalo urbanístico da cidade. A obra viabilizada por meio de parceria entre o
Governo do Estado e a prefeitura ligará o Centro ao distrito de São Cristóvão,
que concentra quase metade da população, nove dos 22 bairros, e é um dos
principais vetores de crescimento da região Sul do Estado.
A
estrutura tem conclusão prevista para novembro de 2020. As obras foram
aceleradas nos últimos meses e quase 90% do contrato foi quitado na gestão do
governador Carlos Massa Ratinho Junior.
As
obras na ponte de 492,8 metros de comprimento por 13 metros de largura
alcançaram 60% de execução na primeira semana de junho e a iluminação já
começou a ser instalada. A estrutura em si atingiu cerca de 99%, restando
apenas o acabamento, mas a intervenção urbanística completa prevê melhorias nos
dois acessos (Rua Coronel Amazonas e Avenida Paula Freitas), aterros contra
enchentes, nova iluminação e repaginação para pedestres e ciclistas na
travessia.
O
investimento de cerca de R$ 30 milhões foi do Governo do Estado, por meio do
Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), em parceria com a
prefeitura municipal, responsável pelos projetos arquitetônico e executivo.
Foram gerados cerca de 130 empregos diretos na obra e atualmente 50
funcionários trabalham nos diferentes canteiros ainda em atividade.
A
PONTE – A nova conexão representa o fim de uma novela que se prolonga há 20
anos e o início de uma das intervenções viárias mais importantes da região Sul,
polo madeireiro, industrial e universitário fundamental ao desenvolvimento do
Paraná.
“União
da Vitória se desenvolveu em torno do Rio Iguaçu ao longo de 100 anos e a nova
ponte é emblemática para demarcar o avanço da integração regional. É uma obra
fundamental para gerar qualidade de vida, atrair novos empregos, investimentos
e melhorias urbanas, compromissos ancorados na agenda de desenvolvimento
sustentável que estamos aplicando no Paraná”, afirma o governador Ratinho
Junior.
O
prefeito de União da Vitória, Santin Roveda, destaca que trata-se de um eixo de
deslocamento muito grande do município e aponta para uma região que mistura
zona residencial, comercial e cultural, com restaurantes, lojas, mercados.
“O
distrito de São Cristóvão possivelmente vai abrigar uma área com mais
indústrias, novas empresas, até porque já tem um aeroporto com voos regionais e
pelo acesso facilitado ao Centro”, explica o prefeito. “O crescimento da cidade
nos próximos anos vai passar por essa nova ponte”.
“Essa
obra era esperada há muitos anos pela população porque vai facilitar a vida de
milhares de pessoas. Ela trará conforto, praticidade e mais segurança aos
moradores. Cerca de 90% do convênio foi quitado durante essa gestão”, destaca o
deputado Hussein Bakri, líder do Governo na Assembleia Legislativa e
ex-prefeito de União da Vitória. “O Governo do Estado tem um olhar voltado para
a infraestrutura e solução de entraves do desenvolvimento regional”.
CONEXÃO
– A ponte sobre o Rio Iguaçu será a quarta de União da Vitória e trará
conquistas importantes para o município nas próximas décadas. A principal delas
é a ligação rápida entre o distrito que concentra mais de 25 mil habitantes
(população superior a 300 cidades do Paraná) e a região central, mas também
será um eixo para acelerar o crescimento estratégico do município no sentido de
Paula Freitas e da BR-476 (Rodovia do Xisto), onde está sendo planejada uma
zona industrial.
A
Ponte José Richa, como foi batizada, foi erguida exatamente ao lado da ponte
Machado da Costa – a famosa ponte metálica, construída em 1907 como parte da
estrada de ferro de 1,4 mil quilômetros que conectava São Paulo (Itararé) ao
Rio Grande do Sul (Santa Maria). Ela terá duas pistas com acostamento e
pavimentação asfáltica.
A
ponte conta com 14 pilares acoplados ao fundo do rio e 65 vigas de 1,70 metro
de altura por 38 metros de comprimento. O curso das águas não foi alterado em
nenhum momento durante a construção por conta da utilização da tecnologia de
tubulão a ar comprimido, tipo de processo que permite acesso para escavação e
fixação do concreto nas pedras sem risco de infiltração. A estrutura pesada foi
projetada para suportar enchentes e facultar acesso a ambos os lados mesmo sob
chuvas torrenciais.
A
questão central do projeto é a mobilidade dentro de um município lindeiro a um
rio, a integração dos bairros e a conexão com o Aeroporto Municipal José Cleto.
As outras três pontes ativas (ponte férrea, Domício Scaramella e Manoel Ribas)
atendem esse trecho em duplicidade e jogam fluxo interno intenso em uma rodovia
federal (BR-469).
Atualmente, a travessia do distrito para o Centro só pode ser feita pela Domício Scaramella, distante cerca de dois quilômetros da cabeceira da nova ponte. Do Centro para o distrito o acesso é pela ponte férrea, mas em pista simples e que se mistura ao traçado histórico do trem.
Além
da construção da estrutura, serão revitalizados 2.874 metros de vias existentes
em seu entorno e implantados 1,7 mil metros de novas vias, bem como uma
ciclovia com nível inferior à atual rotatória na Rua Coronel Amazonas (sentido
Centro), possibilitando fluxo contínuo de carros e ciclistas, e parques
lineares em ambos os lados com pista de caminhada.
A
mobilidade com transporte alternativo também foi fundamental no projeto,
principalmente porque o município de quase 60 mil habitantes é plano e com
movimento significativo de bicicletas. Segundo cálculos municipais, cerca de
3,2 mil ciclistas transitam apenas nesse ponto do município todos os dias – 700
somente entre as 6h15 e as 8 horas. Eles ficarão com a ponte centenária
exclusiva para as bikes e pedestres.
“A
cidade é centenária e mesmo após todos esses anos ainda estava dividida. Em termos
de infraestrutura era um problema. As pontes existentes foram adaptadas para
esse fluxo, mas apenas minimizavam o problema. A nova é uma ligação importante
e mostra respeito com essa região do Estado. Vai abrir novos horizontes, a
cidade vai viver um novo tempo”, ressalta o secretário estadual de
Infraestrutura e Logística, Sandro Alex.
A
ordem de serviço da ponte José Richa foi assinada em 2018. As obras começaram
em julho daquele ano, mas foram intensificadas apenas em 2019, depois da
resolução de problemas no consórcio contratado pelo DER-PR para a execução.
Durante
o processo de construção também foi detectado um problema com o gabarito
(altura da ponte) porque o projeto original não previa navegação com barcos.
Foi solicitada uma revisão e a ponte foi “erguida” durante a construção, o que
permite utilização do rio que corta o Estado de Leste a Oeste para fins
comerciais e turísticos.
DISTRITO
– O distrito de São Cristóvão hoje é composto por nove bairros (Cidade Jardim,
Sagrada Família, Nossa Senhora da Salete, São Braz, Bento Munhoz, São
Sebastião, Bom Jesus, Ouro Verde e Nossa Senhora das Graças) e alguns conjuntos
habitacionais, e sua população é maior, inclusive, do que aquelas de seis
municípios vizinhos: Bituruna, Porto Vitória, Paula Freitas, Paulo Frontin,
General Carneiro e Antônio Olinto.
UNIÃO
DA VITÓRIA – União da Vitória é uma das principais cidades da região Sul do
Estado e ponto de encontro entre o Paraná e Santa Catarina. A cidade é um polo
madeireiro, de comércio e de universidades, e tem Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) considerado alto, de 0,740, acima da média nacional. O município
tem conexões importantes com a Rodovia Transbrasiliana (BR-153), que corta o
País de Norte a Sul, e com a PR-280, corredor de exportação do Sudoeste
paranaense.
União
da Vitória também tem o agronegócio como força motriz crescente e planeja
atrair novas indústrias nos próximos anos, além de manter ativa a produção de
erva-mate, outrora apelidada de ouro verde. A erva-mate ajudou a colocar o
Paraná no mapa do mundo, chegando a representar 85% da economia estadual no
século retrasado.
BOX
Pontes
demarcam a história de União da Vitória
Pontes
são vitais em cidades recortadas por rios e se confundem com a história desses
locais. A primeira intervenção desse porte em União da Vitória foi em 1907,
mais ou menos quando o município completou a maioridade. A ponte metálica da
estrada de ferro que ligava São Paulo ao Rio Grande do Sul ajudou a conectar
dois lados da mesma moeda. Com a Guerra do Contestado, os trilhos da ferrovia
passaram a separar União da Vitória de Porto União (SC).
A
Ponte do Arco, erguida na curva do rio no Bairro Dona Mercedes, tem 279 metros
de comprimento e foi inaugurada cerca de 40 anos depois, em 1944. Ela recebeu o
nome oficial de Manoel Ribas, interventor federal do Paraná em meados do século
passado, pela iniciativa de facilitar a conexão entre União da Vitória e
Curitiba.
A
Domício Scaramella foi construída entre as duas anteriores no mandato de José
Richa, também mais ou menos 40 anos depois. Ela foi inaugurada em 1986, pouco
depois da trágica “enchente de 1983”, episódio extemporâneo de muitas chuvas
que deixou cerca de 70% da cidade submersa após o Rio Iguaçu subir alcançar 11
metros de altura.
A
nova ponte demorou o mesmo período histórico para sair do papel e homenageia ao
ex-governador do Paraná.
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