Os presos dessa delegacia, insatisfeitos com o intenso calor e a superlotação, iniciaram a rebelião. A carceragem, projetada para abrigar 30 detentos, comportava cerca de 130 no dia do incidente. Armados, os presos invadiram os corredores, mantendo dois agentes penitenciários como reféns. A situação mobilizou diversas forças policiais, incluindo RONE, BOPE, ROTAM, COPE, CHOQUE e uma equipe de negociação.
A delegacia, que havia sido interditada em 2010 por uma comissão dos direitos humanos devido às condições insalubres e à proliferação de doenças, voltou a ser foco de reclamações. Na época da interdição, havia 50 presos, e as queixas sobre as altas temperaturas já eram frequentes.
No dia da rebelião, ao saber do ocorrido, me dirigi ao local apenas para fazer as fotos e entrevistar alguém sabendo que naquele momento seria difícil. Fui caminhando, caminhando, vi que ninguém me impediu e sem perceber, acabei em um corredor cheio de policiais armados pedindo para que tivéssemos cuidado e mantivéssemos agachados. Eu era o único repórter de rádio naquele local. Logo após, a TV Ci, com a repórter Priscila Mello e o cinegrafista Márcio Ninja, também foi autorizada a entrar. Consegui fazer várias fotos daquele momento, também uma ligação rápida para minha esposa, explicando a situação. Embora incrédula, ela compreendeu e me apoiou durante aquelas horas tensas pedindo para eu tomar cuidado.
Os ânimos se acalmaram após algumas horas de negociações, permitindo nossa saída sem incidentes. Hoje, dez anos depois, resolvi compartilhar essas fotos para relembrar e comprovar o fato. Muitos que vivenciaram esse dia podem confirmar nossa presença lá, testemunhando um episódio marcante na história de Paranaguá.
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