Há duas fontes sobre o achado da
imagem, que se encontram no Arquivo da Cúria Metropolitana de Aparecida
(anterior a 1743) e no Arquivo da Companhia de Jesus,
em Roma: a história registrada pelos padres José
Alves Vilela, em 1743, e João de Morais e Aguiar, em 1757, cujos documentos se
encontram no Primeiro Livro de Tombo da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá.
Segundo os relatos, a aparição da
imagem ocorreu na segunda quinzena de outubro de 1717, quando Pedro
Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos, conde de Assumar e governante da capitania
de São Paulo e Minas de Ouro, estava de passagem pela cidade de Guaratinguetá, no vale do Paraíba, durante uma viagem até Vila Rica.
O povo de Guaratinguetá decidiu fazer
uma festa em homenagem à presença de Dom Pedro de Almeida e, apesar de não ser
temporada de pesca, os pescadores lançaram seus barcos no Rio Paraíba com a intenção de oferecerem
peixes ao conde. Os pescadores Domingos Garcia,
João Alves e Filipe Pedroso rezaram para a Virgem Maria e pediram a ajuda de
Deus. Após várias tentativas
infrutíferas, desceram o curso do rio até chegarem ao Porto Itaguaçu. Eles já estavam a desistir da
pescaria quando João Alves jogou sua rede novamente, em vez de peixes, apanhou o
corpo de uma imagem da Virgem Maria, sem a cabeça. Ao lançar a rede novamente,
apanhou a cabeça da imagem, que foi envolvida em um lenço. Após terem recuperado as duas
partes da imagem, a figura da Virgem Aparecida teria ficado tão pesada que eles
não conseguiam mais movê-la. A partir daquele momento, os
três pescadores apanharam tantos peixes que se viram forçados a retornar ao
porto, uma vez que o volume da pesca ameaçava afundar as embarcações. Esta foi a primeira intercessão atribuída à santa.
Durante os quinze anos seguintes a
imagem permaneceu na residência de Filipe Pedroso, onde as pessoas da
vizinhança se reuniam para orar. A devoção foi crescendo entre o povo da
região e muitas graças foram alcançadas por aqueles que oravam diante da santa.
A fama de seus supostos poderes foi se espalhando por todas as regiões do
Brasil. Diversas vezes as pessoas que à noite faziam diante dela as suas
orações, viam luzes de repente apagadas e depois de um pouco reacendidas sem
nenhuma intervenção humana. Logo, já não eram somente os pescadores os que
vinham rezar, mas também muitas outras pessoas das vizinhanças. A família
construiu um oratório no Porto de Itaguaçu, que logo tornou-se pequeno para
abrigar tantos fiéis.
Assim, por volta de 1734,
o vigário de Guaratinguetá construiu uma capela no alto do morro dos Coqueiros,
aberta à visitação pública em 26 de julho de 1745.
A capela foi erguida com a ajuda do filho de Filipe Pedroso, que não aprovava o
local escolhido, pois considerava mais cômodo para os fiéis uma região próxima
ao povoado.
Há relatos não confirmados de que no
dia 20 de abril de 1822, em viagem pelo Vale do Paraíba, o então Príncipe Regente
do Brasil, Dom Pedro I e sua comitiva, visitaram a
capela e conheceram a imagem de Nossa Senhora Aparecida.
O número de fiéis não parava de
aumentar e, em 1834, foi iniciada a construção de uma igreja maior (a atual Basílica Velha), sendo solenemente
inaugurada e benzida em 8 de dezembro de 1888.

Coroa de ouro e o manto azul
Em 6 de novembro de 1888,
a princesa Isabel visitou
pela segunda vez a basílica e ofertou à
santa, em pagamento de uma promessa (feita em sua primeira visita, em 8 de
dezembro de 1868), uma coroa de ouro cravejada
de diamantes e rubis,
juntamente com um manto azul, ricamente adornado.
Chegada dos missionários redentoristas[editar | editar código-fonte]
Em 28 de outubro de 1894,
chegou a Aparecida um grupo de padres e irmãos da Congregação dos Missionários Redentoristas,
para trabalhar no atendimento aos romeiros que acorriam aos pés da imagem para
rezar com a Senhora "Aparecida" das águas.
Coroação da imagem
A 8 de setembro de 1904,
a imagem foi coroada com a riquíssima coroa doada pela Princesa Isabel e portando o manto anil,
bordado em ouro e pedrarias, símbolos de sua realeza e patrono. A celebração
solene foi dirigida por D. José Camargo Barros, com a presença do núncio apostólico,
muitos bispos, o presidente da República Rodrigues Alves e numeroso povo. Depois
da coroação o Santo Padre concedeu ao santuário de Aparecida mais outros
favores: ofício e missa própria de Nossa Senhora Aparecida, eindulgências para os romeiros que vêm em
peregrinação ao Santuário.
Instalação da basílica
No dia 29 de abril de 1908,
a igreja recebeu o título de Basílica Menor, sagrada a 5 de setembro de 1909 e
recebendo os ossos de são Vicente Mártir,
trazidos de Roma com permissão do Papa.
Emancipação político-administrativa[editar | editar código-fonte]
Em 17 de dezembro de 1928,
a vila que se formara ao redor da igreja no alto do Morro dos Coqueiros,
emancipou-se politicamente de Guaratinguetá e se tornou um município,
vindo a se chamar Aparecida, em homenagem a Nossa Senhora, cuja
devoção fora responsável pela criação da cidade.
A rainha e padroeira do Brasil
Nossa Senhora da Conceição Aparecida
foi proclamada Rainha do Brasil e sua Padroeira Principal em 16 de julho de
1930, por decreto do papa Pio XI. A
imagem já havia sido coroada anteriormente, em nome do papa Pio X, por decreto da Santa Sé, em 1904.
Pela Lei nº 6 802, de 30 de junho de
1980, foi decretado oficialmente feriado o dia 12 de outubro, dedicando-se este
dia à devoção. Também nesta lei, a República Federativa do Brasil reconhece
oficialmente Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil.
Rosa de Ouro
Em 1967,
ao completar-se 250 anos da devoção, o Papa Paulo VI ofereceu ao Santuário a “Rosa de Ouro”,
gesto repetido pelo Papa Bento XVI que
ofereceu outra Rosa, em2007, em decorrência da sua Viagem Apostólica
ao país nesse mesmo ano, reconhecendo a importância da santa devoção.
Houve necessidade de um local maior
para os romeiros, e em 1955 teve início a construção da Basílica Nova.[10] O arquiteto Benedito Calixto a
qual idealizou um edifício em forma de cruz grega, com 173m de comprimento por
168m de largura; as naves com 40m e a cúpula com 70m de altura.
Em 4 de julho de 1980 o papa João Paulo II,
em sua visita ao Brasil, consagrou a Basílica
de Nossa Senhora Aparecida, o maior santuário mariano do mundo, em
solene missa celebrada, revigorando a devoção à Santa Maria, Mãe de Deus, e sagrando solenemente aquele
grandioso monumento.
Centenário da coroação
No mês de maio de 2004 o
papa João Paulo II concedeu indulgências aos devotos de Nossa Senhora
Aparecida, por ocasião das comemorações do centenário da coroação da imagem e
proclamação de Nossa Senhora como Padroeira do Brasil. Após um concurso
nacional, devotos e autoridades eclesiais elegeram a Coroa do Centenário, que
marcaria as festividades do jubileu de coroação realizado naquele ano.
A imagem retirada das águas do rio
Paraíba em 1717 mede quarenta centímetros de altura e é de terracota, ou seja, argila que após modelada é cozida num
forno apropriado. Em estilo seiscentista, como
atestado por diversos especialistas que a analisaram ,acredita-se que
originalmente apresentaria uma policromia, como era costume à época, embora
não haja documentação que comprove tal suspeita. A argila utilizada para a confecção da
imagem é oriunda da região de Santana do Parnaíba,
na Grande São Paulo. Quando recolhida pelos
pescadores, estava sem a policromia original, devido ao longo período em que
esteve submersa nas águas do rio. A cor de canela que apresenta hoje deve-se à
exposição secular à fuligem produzida
pelas chamas das velas, lamparinas e candeeiros, acesas por seus devotos.
Através de estudos comparativos, a
autoria da imagem foi atribuída ao frei Agostinho de Jesus,
um monge de São Paulo conhecido por sua habilidade artística na confecção de
imagens sacras. Tais características incluem a
forma sorridente dos lábios, queixo encravado, flores em relevo no cabelo,
broche de três pérolas na testa e porte empinado para trás. O motivo pelo qual a imagem se
encontrava no fundo do rio Paraíba é que, durante o período colonial, as
imagens sacras de terracota eram jogadas em rios ou enterradas quando
quebradas.
Atentado à imagem
Os fragmentos do corpo da imagem, depois do atentado de 1978.
Em 1978, após sofrer um atentado que
a reduziu a quase duzentos fragmentos, a imagem foi encaminhada a Pietro Maria Bardi,
à época diretor do Museu de Arte de
São Paulo (MASP), que a examinou, juntamente com João Marinho,
colecionador de imagens sacras brasileiras.[8] Foi então totalmente
restaurada, no MASP, pelas mãos da artista plástica Maria Helena Chartuni.[8] [17]
Primeiros milagres
Em 1748, o padre Francisco da
Silveira, estava em missa realizada onde hoje é o município de Aparecida,
quando escreveu uma crônica onde menciona a imagem de Nossa Senhora como
"famosa por muitos milagres realizados". Na mesma crônica descreve que
os peregrinos se locomoviam grandes distâncias para agradecer as graças
alcançadas.[15]
Milagre das velas
Estando a noite serena,
repentinamente as duas velas que iluminavam a
Santa se apagaram. Houve espanto entre os devotos, e Silvana da Rocha, querendo
acendê-las novamente, não conseguiu, pois elas acenderam por si mesmas.[10] Este milagre de Nossa Senhora, ocorrido mais
provavelmente em 1733.
Caem as correntes
Em meados de 1850,
um escravo chamado Zacarias, preso por
grossas correntes, ao passar pela igreja onde se encontrava a imagem de Nossa
Senhora Aparecida, pede ao feitor permissão para rezar. Recebendo autorização,
o escravo se ajoelha diante de Nossa Senhora Aparecida e reza fervorosamente.
Durante a oração as correntes milagrosamente soltam-se de seus pulsos, deixando
Zacarias livre.[10]
Cavaleiro e a marca da ferradura
Um cavaleiro de Cuiabá, passando por Aparecida, ao se dirigir
para Minas Gerais, viu a fé dos romeiros e começou a zombar, dizendo, que
aquela fé era uma bobagem. Quis provar o que dizia, entrando a cavalo na igreja. Logo na escadaria, a pata de seu
cavalo se prendeu na pedra da escada da igreja (Basílica Velha), vindo a derrubar
o cavaleiro de seu cavalo, após o fato, a marca da ferradura ficou cravada da
pedra. O cavaleiro arrependido, pediu perdão e se tornou devoto.[10]
A menina cega de nascença de Jaboticabal - SP.[editar | editar código-fonte]
Por serem muito devotos de Nossa
Senhora Aparecida, os membros da família Vaz de Jaboticabal - SP, rezavam e
falavam muito sobre os acontecimentos referente à Nossa Senhora Aparecida. O
casal desta família tinha uma menina que era cega de nascença e que sempre
ouvia atentamente ao que falavam. A menina tinha uma vontade muito grande de ir
até a Igreja. Naqueles tempos, onde tudo ainda era sertão, ficava muito difícil
de se chegar até lá. Mas com muita dificuldade, fé e perseverança, mãe e filha
da família Vaz de Jaboticabal - SP, chegaram às escadarias da Igreja, quando
surpreendentemente a menina cega de nascença exclamou: "Mãe, como é linda
esta Igreja!". Daquele momento em diante a menina que era cega de nascença
passa a enxergar normalmente.[10]
O menino no rio
O pai e o filho foram pescar. Durante
a pescaria, a correnteza estava muito forte e por um descuido o menino caiu no
rio. O menino não sabia nadar, a correnteza o arrastava cada vez mais rápido e
o pai desesperado pediu a Nossa Senhora Aparecida para salvar o menino. De
repente o corpo do menino parou de ser arrastado, enquanto a forte correnteza
continuava, e o pai salvou o menino.[10]
O homem e a onça
Um homem estava voltando para sua
casa, quando de repente ele se deparou com uma onça. Ele se viu encurralado e a onça estava
prestes a atacar, então o homem pediu desesperado a Nossa Senhora Aparecida por
sua vida, e a onça foi embora.[10]
Basílica de Nossa Senhora Aparecida, Brasil.
Para celebrar o centenário da
Coroação da Imagem da Padroeira do Brasil, a Associação de Joalheiros e
Relojoeiros do Noroeste Paulista - AJORESP, com apoio técnico do Sebrae (São Paulo), promoveu um Concurso
Nacional de Design, visando selecionar uma nova Coroa comemorativa do evento.
O Júri Institucional do evento
selecionou, por consenso, o projeto da designer Lena Garrido, em parceria com a
designer Débora Camisasca, de Belo Horizonte (Minas Gerais). A nova peça foi confeccionada
em ouro e pedras preciosas especialmente
para a solenidade do Centenário da Coroação de Nossa Senhora Aparecida, no dia 8 de setembro de 2004.
Controvérsias
A imagem já foi, mais de uma vez,
fonte de confrontos religiosos entre católicos e protestantes. Em 16 de maio de
1978, um evangélico retirou-a de seu altar na Basílica após a última missa do
dia.[18] Ele foi perseguido pelos
guardas e por alguns fiéis e, ao ser apanhado, deixou a imagem cair no chão.[18] Por ser feita de terracota e
ter ficado submersa no rio Paraíba por muito tempo, sua reconstrução foi
difícil, mas um grupo de artistas do MASP conseguiu
colar os pedaços da imagem.[1] [18]
Sérgio von Helde chutando uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.
No feriado de Nossa Senhora Aparecida
de 1995, ocorreu o incidente conhecido como "chute na santa". O ex-bispo televangelista Sérgio von Helde, da Igreja
Universal do Reino de Deus (IURD), chutou uma réplica da imagem
de Nossa Senhora Aparecida num programa religioso transmitido de madrugada pela Rede Record, emissora de propriedade da IURD.[19] Na noite seguinte, o Jornal Nacional da Rede Globo denunciou o incidente,
causando comoção nacional. O evento foi visto por fiéis católicos como um ato
de intolerância
religiosa. Vários templos da IURD foram atacados e von Helde acabou
sendo transferido para a África do Sul.[20]
Em 25 de abril de 2012, o evangélico
Rafael de Araújo Teixeira deu duas marretadas na réplica da imagem localizada
numa via pública deÁguas Lindas de Goiás.[21] Um grupo de aproximadamente
cem pessoas impediu que ele desse mais marretadas na imagem; algumas delas
tentaram linchá-lo e a Polícia
Militar foi enviada ao local.[21] O rapaz pode responder pelo
crime de destruição de patrimônio público, uma vez que a imagem foi construída
com recursos da prefeitura municipal.[21]
Referências na cultura popula
A telenovela A Padroeira, transmitida pela Rede Globo
entre 18 de junho de 2001 e 23 de fevereiro de 2002, traz um retrato fictício
da descoberta da imagem de Nossa Senhora Aparecida,[4] contendo elementos do romance As Minas de Prata, escrito por José de Alencar em
1865 que, por sua vez, havia sido
adaptado para o formato de telenovela em 1966 pela extinta Rede Excelsior.
Fonte: wikipedia








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