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Edye Venancio: um pouco da minha história nas rádios em Paranaguá

Comecei em rádio em 1996 na Ilha do Mel FM em Paranaguá-Pr, minha primeira oportunidade me foi dada pela família Linhares, através do senhor José Francisco Soares Linhares (https://blogedyevenancio.blogspot.com/2021/12/descanse-em-paz-dr-linhares.html), diretor na época.

Esse era o meu grande sonho e tudo começou quando eu brincava de imitar o jeito que os locutores falavam e ouvia de muitos amigos que eu levava jeito. Um dos meus passatempos era ouvir as emissoras de Curitiba, como a Ouro Verde FM e a Caiobá FM que tinha um excelente comunicador que era o Vargas (Rosalmo Vargas) que apresentava um programa romântico, mas aqui em Paranaguá eu ouvia sempre os melhores como Elias Guimarães, Luiz Antônio, Marcos Rogério, Márcio Guimarães e outros.

A minha história como comunicador começa em 1996, ano em que eu tive a minha primeira oportunidade para trabalhar numa emissora de rádio. Era um sonho, algo mágico que mexia e mexe comigo até hoje e tenho certeza que mexe com muitos que sonham um dia, trabalhar num veículo de comunicação como esse, nessa caixa mágica que faz com que imaginemos coisas, seja na informação passada, numa música tocada ou nas inúmeras formas que usamos para nos comunicar e chamar a atenção dos ouvintes.

Trabalho desde os meus 14 anos e comecei na Casa do Pequeno Trabalhador que ficava no bairro Costeira. Trabalhei nos antigos Condor da Raia, do Centro (hoje localizado o Shopping Mall), passei pela Petrobrás "Comércio Internacional S/A Interbrás" como office boy que ficava no 10º andar do Palácio do Café, hoje extinta, também trabalhei na Cranston Importação e Exportação e Fertimport (agências marítimas), passei pela Frigobrás/Sadia,  (empacotava as margarinas nas caixas e as levava ao frigorífico) e fui Agente Comunitário de Saúde. 

Como citei lá no começo, sempre fui ouvinte de rádios, Caiobá FM, Antena 1, Ouro Verde FM e claro as locais. Vivia brincando que era locutor quando estava com os amigos, fazia o que os profissionais faziam e muitos diziam que eu tinha uma voz legal e que eu levava jeito.

Eu levava tudo aquilo na brincadeira, mas era no banheiro que eu ficava com um gravador de fita, um microfone bem simples, me gravando, me imaginando numa emissora. A qualidade era péssima, mas era o único jeito que eu tinha para registrar as minhas maluquices, as minhas "viagens". Dentre as rádios que eu mais ouvia estava a Ilha do Mel Fm que na época tinha o slogan "O som que chega do mar".

Esse era o meu sonho, fui em busca dele, procurei a Rádio Difusora AM 1460 e quem me recebeu super bem e com toda a educação de sempre foi Mário Mikosz e ele foi bem claro, perguntou se eu gostava de rádio e disse que o quadro de funcionários da emissora naquela época estava completo que se eu quisesse poderia ficar ali aprendendo, observando. 

Na hora disse que sim e quem estava no ar era João Carlos Borges Mourad o super conhecido Mura Mura. Na época a Difusora não tinha a estrutura que tem hoje, eram fios e cabos a mostra, mas ela tinha uma audiência enorme.

Fiquei por lá por alguns dias e depois fui tentar a sorte na Litoral Sul FM, mas não tive a oportunidade que tanto queria. Com uma fita na mão das gravações que eu fazia no banheiro, procurei a Ilha do Mel FM, tomei um chá de banco até ser atendido pelo Ronny Peterson (espécie de faz tudo na rádio, menos locução) que ficou com aquela fita e com um telefone para contato (o número de um orelhão próximo de casa). Os dias se passaram e nada de uma ligação até que essa oportunidade chega. A minha fita foi ouvida pelo Claudino Nunes que apresentava o Rede Notícias, programa jornalístico de grande audiência  que existe até hoje e que foi criação dele.  Nunes gostou do meu timbre de voz e deu sua opinião dizendo que eu deveria ser lapidado, que eu tinha potencial. Quando soube daquilo fui às nuvens, fui chamado para fazer um teste e Emerson Minini que era o coordenador artístico na época me deixou numa sala com uma revista, fone no ouvido e um microfone aberto e pediu que eu ficasse treinando, ouvindo a minha voz, fazendo as leituras das matérias que continha na revista, mas sem me explicar como era para ser feito, apenas me deixou ali, faltava as orientações, faltava alguém que realmente entendesse da arte. Eu todo empolgado lia como um maluco aquelas informações, aquelas matérias e se quer sabia que não era daquele jeito que eu deveria fazer. Hoje tenho consciência e claro, experiência de que eu deveria ler com calma, tranquilidade, respeitando a pontuação e outras técnicas que temos. (isso deveria ser feito pelo coordenador).

Eles (a direção), ouviram a minha voz e disseram que iriam entrar em contato e que se eu tivesse interesse poderia ficar aprendendo, vivenciando o dia à dia da rádio, mas sem compromisso. Aquelas palavras soaram como músicas para os meus ouvidos e na hora eu fiquei lá, entusiasmado, realizando o meu sonho. Passei a aprender a mexer na mesa na madrugada quando Emir Vargas apresentava o programa Farol da Ilha de meia noite às 5h da manhã. 

O diretor da rádio era Maurício Migliorini, ele me chamou na sua sala e me perguntou se eu tinha interesse em ficar de meia noite à 1h da manhã, que a partir daquele momento, eu estaria sendo avaliado, observado. Topei e depois quando o locutor do horário pediu para sair eu assumi o programa e a partir daquele dia fiquei por 10 anos, apresentei vários programas e acabei recebendo um convite da Rádio Difusora e fui contratado por ela. 

Só lembrando que mesmo trabalhando na Ilha do Mel e passando enfrente da Rádio Difusora AM 1460, a mais antiga rádio do litoral paranaense, eu sempre dizia: "Um dia ainda vou trabalhar ai" e esse dia chegou. 

Padre Sérgio Sviental Campos, assumiu como diretor da Rádio Difusora, resolveu mudar a cara da emissora, enfrentou inúmeras críticas, mas provou a todos que estava certo, contratando os melhores profissionais, e eu também fui convidado a fazer parte da equipe e por lá fiquei por 6 anos trabalhando como locutor, repórter e ao lado de Mário Mikosz apresentávamos o Jornal na Manhã, tendo Dr. Alesssandro Staniscia comentando os principais assuntos.

Eu poderia estar lá até hoje, mas isso não aconteceu infelizmente por certos motivos que foram esclarecidos com o tempo e passei a não guardar mágoa de quem havia me demitido e aqueles que fizeram o possível para me prejudicar.

Após sair de lá novamente recebi um convite partindo de Ogarito Linhares numa conversa que tivemos via facebook, ele me perguntou se eu tinha interesse em voltar a trabalhar na Ilha do Mel FM, onde havia começado e na hora disse que sim, pois sempre tive e sempre terei um carinho enorme pela rádio que me deu a minha primeira oportunidade. 

Após conversar com a Paula Linhares, gerente/diretora na época, acertei a minha volta no dia 3 de dezembro de 2012 e fiquei lá por 3 anos, trabalhando como repórter no Rede Notícias. Insatisfeito por não ter o respeito de quem se achava o chefe/coordenador artístico e não passava de um puxa-saco carente de criatividade e a única qualidade que tinha era copiar as ideias dos outros, resolvi sair. Conversei com a direção sem expor o que havia acontecido, sabendo que se eu contasse nada iria mudar e como fiz da primeira vez, sai numa boa. Conversei abertamente com Ogarito Linhares, olho no olho, sendo verdadeiro como sempre fui e a minha saída foi concretizada com a promessa de que se um dia eu precisasse as portas estariam abertas.

Nesse período que trabalhei em rádio, aprendi muito e só com os melhores profissionais, aprendi também que nessa vida só produzimos mais quando estamos felizes, se estamos bem e fazendo o que gostamos, ganhamos muito mais e a nossa saúde agradece. Quero aqui agradecer aos que me ajudaram durante nesses meus 20 anos como radialista. Aos que se tornaram barreiras, que me prejudicaram de alguma forma, não tenho nada a dizer, apenas lamentar, pois sei das minhas qualidades e do meu caráter. Que Deus abençoe a todos! 















Texto e fotos: Edye Venancio