A estrutura de
combate à Covid-19, montada pela Portos do Paraná, completa 15 dias, nesta
sexta-feira (9). Até o momento, mais de 69 mil trabalhadores portuários e
caminhoneiros passaram por aferição de temperatura, análise primária de
sintomas e orientação médica. O Porto de Paranaguá foi o primeiro do Brasil a
adotar medidas rígidas de controle e prevenção ao Coronavírus, com equipes
médicas atuando, 24 horas, no cais e no pátio de triagem de caminhões.
Como a atividade
portuária é considerada essencial para o abastecimento de alimentos e produtos,
a preocupação é garantir segurança nas atividades. “Nossos funcionários
conseguiram, com muita agilidade, fazer as contratações necessárias para dar
segurança às pessoas que são fundamentais para o porto continuar operando
cargas”, destaca o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando
Garcia.
Em 15 dias, 38.117
trabalhadores passaram pelo atendimento primário no acesso ao cais do Porto de
Paranaguá. No Pátio de Triagem, onde os caminhões aguardam para descarregar os
grãos e farelos de exportação, foram quase 31 mil caminhoneiros que receberam o
mesmo cuidado.
RESPOSTA - Em março,
a Portos do Paraná criou um comitê multissetorial para auxiliar a diretoria
executiva e propor medidas de combate e prevenção. O grupo, que envolve
funcionários das áreas jurídica, administrativa, financeira, meio ambiente,
segurança do trabalho e comunicação, acompanha o avanço da doença, mudanças de
legislação e a necessidade dos trabalhadores.
Segundo o diretor
administrativo-financeiro, Daniel Romanowski, além do comitê, os funcionários
da empresa pública se envolveram em diferentes etapas para tornar o projeto
possível, em pouco tempo. “Eles trabalharam incansavelmente, de maneira focada,
amparada na legislação e na transparência. Em casos emergenciais como o que
estamos enfrentando, é preciso ter celeridade”, afirma.
“Foi ágil, rápido e
eficiente. Conseguimos, dessa forma, criar uma operação que pôde tranquilizar
um pouco mais, não só os motoristas e trabalhadores, mas toda a comunidade.
Pois quem mora na região tinha uma preocupação do porto ser um possível ponto
de contaminação”, completa Romanowski.
CIDADE - De acordo
com a Secretaria Estadual de Saúde, são seis casos confirmados de Covid-19 em
Paranaguá. Nenhum decorrente da atividade portuária.
“São casos
importados. Não tivemos casos de trabalhadores do porto, ou que vieram até o
porto. Dessa forma, até o momento, não temos confirmação de transmissão
comunitária do vírus”, explica Gianfrank Julian Tambosetti, um dos
coordenadores da Sala de Situação da Secretaria Municipal de Saúde.
Para Tambosetti, a
triagem feita pela Portos do Paraná é eficiente e contribui para as atividades
de contenção aplicadas pelo município. “Inicialmente porque os sintomáticos não
precisarão buscar unidades de saúde dentro da cidade, o que poupará o sistema
de saúde local. Em segundo lugar, evitará a permanência desnecessária no
território municipal diminuindo, assim a possibilidade de transmissão, no caso
de contaminação”, comenta.
SEGURANÇA - Quem
passou pelo atendimento primário, aprovou a medida. O motorista Valdir Pacheco,
de 62 anos, trouxe soja da Lapa para Paranaguá e elogiou o cuidado. “Não
podemos parar. O porto dar esse suporte para nossa categoria, é muito
importante”, diz.
“A prevenção é o
melhor remédio. Se todo mundo fizer sua parte, nós vamos vencer essa batalha”,
lembrou o caminhoneiro Edson Bil, de Palotina, que também descarregou soja.
“A gente se sente
mais seguro, com certeza. É primeiro porto, primeiro lugar que vejo com esse
tipo de campanha”, conta o caminhoneiro Jean, de 48 anos, que descarregou soja
vinda do Norte do Paraná.
BOX
Atendimento será
mantido até o fim da pandemia
O contrato
emergencial de saúde, feito pela Portos do Paraná, tem duração de 90 dias,
podendo ser renovado por mais 90. As equipes seguem atendendo 24 horas, em
turnos, com dois médicos (um em cada ponto, que seguem escalas de 12h), 14 de
técnicos de enfermagem, três de auxiliares administrativos e dois de limpeza
hospitalar.
Além das plataformas
para a aferição dos motoristas de caminhão, foram montados dois postos médicos
e dois postos de enfermagem – no acesso dos trabalhadores à faixa primária
(prédio Dom Pedro II) e no pátio de caminhões.
Quem gerencia a
estrutura de triagem, é a equipe do Serviço Especializado em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho (Sesmet), ligada a Diretoria de Meio
Ambiente. Segundo o responsável pelo setor, Felipe Zacharias, o atendimento
segue um fluxo simples de cuidado.
Primeiro, os
trabalhadores ou caminhoneiros passam pela aferição de temperatura. Se essa for
menor que 37,6ºC, eles são orientados a higienizarem as mãos e liberados. Caso
contrário, são encaminhados para a avaliação médica e análise primária de
sintomas.
Caso os sintomas
sejam leves, a equipe coleta os dados do trabalhador, orienta sobre as medidas
preventivas (uso de máscara, isolamento).
Se o caso for de
moderado a grave, com suspeita de Covid-19, o encaminhamento é para as unidades
de saúde ou para o Hospital Regional. O transporte do paciente é feito pela
ambulância do OGMO (se for no acesso ao cais) ou pelo Samu (do pátio).
Em todas as
situações, o município é notificado. A equipe da Guarda Portuária também recebe
informações para impedir que o trabalhador ou motorista insista em ignorar as
recomendações.
“As estruturas de
atendimentos e triagem são adicionais aos demais cuidados que já adotamos desde
janeiro. O objetivo, nesse momento, é evitar a exposição de trabalhadores ao risco”,
afirma Felipe.
Segundo José
Sbravatti, que integra a equipe de segurança do trabalho, os fluxos são
aperfeiçoados diariamente. “Cada dia é preciso adequar as ações para que elas
se mantenham eficientes. A evolução é muito rápida e é preciso manter o alerta
até o final da pandemia”, destaca.