Cerca de 50
milhões de brasileiros, o equivalente a 25,4% da população, vivem na linha de
pobreza e têm renda familiar equivalente a R$ 387,07 – ou US$ 5,5 por dia,
valor adotado pelo Banco Mundial para definir se uma pessoa é pobre.
Os dados foram
divulgados hoje (15), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) e fazem parte da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais
2017 – SIS 2017. Ela indica, ainda, que o maior índice de pobreza se dá na
Região Nordeste do país, onde 43,5% da população se enquadram nessa situação e,
a menor, no Sul: 12,3%.
A situação é
ainda mais grave se levadas em conta as estatísticas do IBGE envolvendo
crianças de 0 a 14 anos de idade. No país, 42% das crianças nesta faixa etária
se enquadram nestas condições e sobrevivem com apenas US$ 5,5 por dia.
A pesquisa de
indicadores sociais revela uma realidade: o Brasil é um país profundamente
desigual e a desigualdade gritante se dá em todos os níveis.
Seja por diferentes regiões do país, por gênero - as
mulheres ganham, em geral, bem menos que os homens mesmo exercendo as mesmas
funções -, por raça e cor: os trabalhadores pretos ou pardos respondem pelo
maior número de desempregados, têm menor escolaridade, ganham menos, moram mal
e começam a trabalhar bem mais cedo exatamente por ter menor nível de
escolaridade.
Um país onde a renda per capita dos 20% que ganham
mais, cerca de R$ 4,5 mil, chega a ser mais de 18 vezes que o rendimento médio
dos que ganham menos e com menores rendimentos por pessoa – cerca de R$ 243.
No Brasil, em 2016, a renda total apropriada pelos 10%
com mais rendimentos (R$ 6,551 mil) era 3,4 vezes maior que o total de renda
apropriado pelos 40% (R$ 401) com menos rendimentos, embora a relação variasse
dependendo do estado.
Entre as pessoas com os 10% menores rendimentos do
país, a parcela da população de pretos ou pardos chega a 78,5%, contra 20,8% de
brancos. No outro extremo, dos 10% com maiores rendimentos, pretos ou pardos
respondiam por apenas 24,8%.
A maior diferença estava no Sudeste, onde os pretos ou
pardos representavam 46,4% da população com rendimentos, mas sua participação
entre os 10% com mais rendimentos era de 16,4%, uma diferença de 30 pontos
percentuais.
Desigualdade acentuada
No que diz respeito à distribuição de renda no país, a
Síntese dos Indicadores Sociais 2017 comprovou, mais uma vez, que o Brasil
continua um país de alta desigualdade de renda, inclusive, quando comparado a
outras nações da América Latina, região onde a desigualdade é mais acentuada.
Segundo o estudo, em 2017 as taxas de desocupação da
população preta ou parda foram superiores às da população branca em todos os
níveis de instrução. Na categoria ensino fundamental completo ou médio
incompleto, por exemplo, a taxa de desocupação dos trabalhadores pretos ou
pardos era de 18,1%, bem superior que o percentual dos brancos: 12,1%.
“A
distribuição dos rendimentos médios por atividade mostra a heterogeneidade
estrutural da economia brasileira. Embora tenha apresentado o segundo maior
crescimento em termos reais nos cinco anos disponíveis (10,9%), os serviços
domésticos registraram os rendimentos médios mais baixos em toda a série. Já a
Administração Pública acusou o maior crescimento (14,1%) e os rendimentos
médios mais elevados”, diz o IBGE.
Fonte: Agência Brasil